terça-feira, 27 de abril de 2010

PRECISO...

Preciso de alguém que não me critique, de alguém que apenas me estenda a mão.
Preciso de alguém que me olhe nos olhos e com doçura me mostre o caminho.
Alguém que confie em mim, que aposte as últimas fichas.
Preciso de alguém que ore por mim. Que ore e chore comigo.
Preciso de um pastor que entenda minhas angústias, meus anseios e devaneios.
Preciso de um pastor que me acolha com carinho e caminhe comigo.
Um pastor que seja misericordioso e saiba amar acima dos defeitos.
Preciso de um amigo que olhe minhas feridas e ofereça bálsamo.
Preciso de um amigo que cante aquela canção que alivia a alma.
Um amigo pra abraçar em meio à tempestade da vida.
Enfim, preciso de ajuda, mas ninguém vê!
Só enxergam meus defeitos, meus medos, e meus erros.
Apontam-me como se fosse leprosa.
Afundam os dedos com unhas pontudas, nas minhas feridas abertas.
Não há amor, nem misericórdia, nem compaixão.
Só há julgamento e pedradas.
Pedradas que matam o pouco de vida que ainda resta em mim.



Blumenau, 23/09/2008

sexta-feira, 23 de abril de 2010

RECOMEÇAR

Há um tempo atrás decidi começar um blog. Queria um espaço onde pudesse postar minhas ideias, ainda que desconexas. Então surgiu este espaço . Não era para ser um blog divulgado, daqueles que todas as pessoas com acesso a rede podem ler. Queria escrever apenas para mim mesma. Porém, a falta de tempo, devido às inúmeras atividades que tenho, acabou por fazer-me abandonar meu blog.
Agora, devido a insistência de alguns amigos, o Silvio principalmente, para que eu escreva mais, decidi retoma-lo.
Então ei-lo novamente no ar. Agora divulgado, para que os amigos possam ler meus devaneios.
Aguardem textos novos para os próximos dias.

IRMÃO D’OUTRAS TERRAS

(Para Shirlei e Tamajara, as irmãs que herdei)


Tu vieste de terras distantes,
De terras d'além mar.
Deixaste pra trás a família, a pátria querida, o amor.
Ah! Quanta saudade sentiste, mas nunca mais pudeste voltar!
Vieste para uma terra que não era tua,
Que não tinha os teus costumes, tua cultura, tua comida.
Não vieste fugindo da fome e da guerra, a procurar uma vida melhor.
Não! Tu não querias vir, mas obrigaram-te,
Roubaram-te da mãe África,
Arrancaram-te de casa a força.
Quantas lágrimas derramaram por ti do outro lado do mundo,
Quantas lágrimas do lado de cá tu derramaste.
Na tua terra eras nobre.
Aqui, escravo.
E como escravo foste mantido tanto tempo,
Tratado como se fosse objeto, quiçá mercadoria.
Mas não eras, eras homem.
E como homem lutaste, conquistando o direito de ser tratado como gente.
Não podiam mais manter-te acorrentado, estavas quebrando os grilhões.
Então veio a Lei Áurea, aquela que não libertou.
E tu passaste de escravo objeto, a excluído favelado.
Quando tentavas fugir, te caçava o Capitão do Mato,
Hoje quem te caça é o Capitão do BOPE.
Mas foste tu, irmão Negro, quem construiu as riquezas desta terra.
Foste tu quem plantou e colheu o café, a cana-de-açúcar...
Com teu suor e sangue encharcaste esta terra.
É do suor e sangue dos teus que brota todos os dias a luta;
A luta, por liberdade.
Segue irmão. Segue firme na batalha, não desiste.
Como os teus acreditaram, acredites também conquistar a liberdade!



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PS: Texto publicado em diversos sites, inclusive com tradução para o espanhol.