Ela nunca pode ser menina
Nunca os sonhos de menina
Nunca a irresponsabilidade de menina
Nunca menina
Mulher desde menina
Aprendeu cedo as responsabilidades da vida
Teve que aprender a cuidar de si própria
Ela ainda menina, com vontades de menina
Precisando ser mulher
Nunca a irresponsabilidade de faltar na escola
De matar aula por pura preguiça
De poder se permitir ao erro
Nunca a chance da entrega
A lucidez da mulher na imagem de menina
A coragem de mulher no corpo frágil de menina
A menina virando mulher
Ou a mulher virando menina?
Por entre pensamentos e devaneios vou me "construindo" e a cada dia vou entendo o significado de: "SÓ SEI QUE NADA SEI".
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
INSÔNIA
Estou cansada, cheguei de viagem hoje e estou cansada, mas paradoxalmente, não consigo dormir.
O sono parece que fugiu de mim, os olhos teimam em ficar abertos e de fato eu não quero dormir.
Na verdade queria não precisar dormir nunca. Nunca mesmo. Quanta coisa poderia fazer se não dormisse?
Quantas horas do meu dia eu passo dormindo? Quantas?
Vocês já pararam para pensar em quantas coisas poderiamos fazer se não precisássemos dormir?
Quantos livros poderiamos ler? Quantos filmes? Quantas músicas? Quanta gente conheceríamos? Quantos amigos visitaríamos?
Eu penso sempre nisso. Como seria bom não precisar dormir. Tenho tantas coisas para fazer e poderia fazê-las se não "perdesse" tempo dormindo.
Ou será que na verdade não fariamos nada disso? Eu não faria nada disso?
Talvez, se não dormisse, encontraria outras coisas sem sentido para fazer e deixaria as que gostaria de fazer sem serem feitas. Talvez não seja falta de tempo, mas apenas enrolação do tempo.
Enfim, devaneios, nada mais que devaneios, e embora não queira, preciso ir dormir.
1ª EPÍSTOLA DE PAULO AOS BRASILEIROS
1ª Epístola de Paulo Aos BRASILEIROS - Cap. 1
Prefácio e Saudação
Paulo, apóstolo, não da parte de homens, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, a todos os santos e fiéis irmãos em Cristo Jesus, que se encontram em terras brasileiras, graça e paz a vós outros.
Exortações à Igreja
Rogo-vos para que não haja partidos entre vós. Mas vejo que é isso que está ocorrendo, pois uns dizem: eu sou de Malafaia; outros, de Macedo; outros, do Soares; outros de Feliciano; Quem é Malafaia? Quem é Soares? Quem são eles? [1] Por acaso Cristo está dividido? Não são neles que devemos postar nossos olhos, mas em Cristo, o único que morreu por nós.
Vejo que ainda sois meninos na fé quando o propósito de cada um é só buscar bênçãos para si, visando os próprios interesses e não o interesse do Corpo. Digo-vos que a maior benção já vos foi concedida na cruz quando fostes resgatados da morte e das trevas. Agora, aprendam a viver contentes e dar graças a Deus por tudo [2] .
Sinais e Prodígios
Assim como os judeus pediam sinais em minha época [3], há muitos que só pensam em prodígios e maravilhas: fazem correntes e marcam hora para as curas se efetuarem, e eu já havia advertido aos seus irmãos de Tessalônica que tão somente orassem o tempo todo, [4] pois apenas Deus é quem sabe a hora de atender. Eu mesmo deixei Trófimo doente em Mileto, [5] o amado Timóteo foi medicado enquanto esperava o Senhor curar sua gastrite, [6] e Epafrodito adoeceu mortalmente chegando às portas da morte [7]. Por que entre vós no Brasil seria diferente?
Outras admoestações
Estão fazendo rituais para amarrar demônios e declarar que as cidades do Brasil são do Senhor Jesus. Nunca vistes isso em mim e em nenhum momento em Cristo. Pelo contrário, preguei o evangelho em Éfeso, mas a cidade continuou seguindo a deusa Diana. No Areópago de Atenas riram e zombaram de minha pregação, e poucos aceitaram a palavra do evangelho; como eu iria dizer que Atenas era do Senhor Jesus? Em Corinto, a prostituição continuou a dominar a cidade, e em Roma, as orgias e as dissoluções da família até se intensificaram no decorrer dos anos. Dizer que Roma pertencia ao Senhor Jesus seria uma frase que levaria ao engano os poucos irmãos verdadeiramente convertidos.
Na verdade muito me esforcei e fiz de tudo para ver se conseguia salvar a alguns [8]. Nunca ensinei a reivindicar territórios, mas tão somente orava a Deus que me abrisse uma porta para pregar a Palavra [9] .
Cuidado com os falsos apóstolos
Há muitos homens gananciosos aparecendo no meio de vós no Brasil dizendo que são apóstolos e criando hierarquias para exercer domínio uns sobre os outros, coisa que nunca aceitei. Porque tanta preocupação com títulos? Por que ninguém se contenta em ser chamado simplesmente servo? Pois é isso é o que realmente importa. Saibam que há muitos obreiros fraudulentos transformando-se em apóstolos de Cristo [10].
Já vos advertira que depois da minha partida, entre vós penetrariam lobos vorazes que não poupariam o rebanho de Cristo [11], vós não lembrais disso brasileiros?
Sobre os dons espirituais
Soube que muitos estão preocupados com os dons. É verdade que eles são importantes, mas o Espírito concede a cada um conforme melhor lhe convém [12]. Tenho percebido que valorizam principalmente os dons sobrenaturais – como falar em línguas, visões, curas e revelações – e esquecem-se que ensinar bem as Escrituras, administrar com zelo as coisas de Deus e promover socorro aos necessitados também são dons espirituais [13].
Mas o que eu quero mesmo é que estejais buscando para suas vidas o fruto do Espírito. De nada adianta ter fé suficiente para curar pessoas, transportar montes e expulsar demônios se ficais devorando uns aos outros, [14] se não têm amor, se provocam rixas e intrigas entre si e dão mau testemunho.
Ofertas ao Senhor
Quanto às ofertas e sacrifícios, já falei por carta: no primeiro dia da semana cada um separe segundo sua prosperidade [15]. Nunca fiz leilão de bênçãos do Senhor, desafiando o povo a ofertar começando com 10 moedas de ouro até chegar ao que tinha um denário. O único sacrifício aceitável por Deus já foi feito na cruz pelo seu Filho Jesus, entendais isto brasileiros.
Quando Deus me der oportunidade de visitar-vos quero conhecer os que estão se enriquecendo com o Evangelho e enfrentar-lhes face a face. A piedade jamais pode ser fonte de lucro [16] e se continuarem nessa sórdida ganância haverão de sofrer muitas dores [17].
A busca da verdadeira maturidade
É imprescindível que manejem bem a Palavra, pois chegou ao meu conhecimento que esta é uma geração tão ignorante nela que estão sendo enganados por lobos vorazes, que trazem enganos e sofismas, e a esses, de boa mente, os tolerais [18]. Lembrem-se que quando preguei em Beréia o povo consultava a Palavra para ver se as coisas eram de fato assim [19]. Porque não fazeis vós o mesmo? Ora, os ardis de satanás vêm sempre disfarçados na pregação de um anjo de luz [20].
Vejo que entre vós há muitos acréscimos e deturpações daquilo que falei. Admoesto-vos a que não ultrapasseis o que está escrito [21] .
As saudações pessoais
Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, e sim a seu próprio ventre [22], seus próprios interesses. Em breve vos vereis.
A bênção
A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós do Brasil [23].
Original do autor Daniel Rocha em Metodista 2007
REFERÊNCIAS [1] - 1Co 3.5 [2] - Fp 4.11; 1Ts 5.18 [3] - 1Co 1.22 [4] - 1Ts 5.17 [5] - 2Tm 4.20 [6] - 1Tm 5.23 [7] - Fp 2.27-30 [8] - 1Co 9.22 [9] - Cl 4.3 [10] - 1Co 11.3 [11] - At 20.29 [12] - 1Co 12.7 [13] - Rm 12.7-8 [14] - Gl 5.15 [15] - 1Co 16.2 [16] - 1Tm 6.5 [17] - 1Tm 6.10 [18] - 2Co 11.4 [19] - At 17.11 [20] - 2Co 11.14 [21] - 1Co 4.6 [22] - Rm 16.17-18 [23] - 2Co 13.13
A FOME
Mais um do Josué de Souza.
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A fome já foi tratada como um fenômeno natural ou ecológico e até como uma conseqüência do crescimento populacional. Mas, na verdade, a fome é uma criação humana. Ela existe e maltrata bilhões de pessoas, sendo as crianças e mulheres as principais vítimas. Ao se organizar em sociedade, o homem criou uma desigualdade. De um lado, uma minoria rica e de outro, a grande maioria despojada de riqueza no mundo.
Um dia deste tentei perceber como o fenômeno da fome é tratado nas escrituras sagradas. Acredito que a fome enquanto fenômeno social e tratado na Bíblia, pela primeira vez em Gênesis 43, relata a história de José e o chamado de Deus na vida deste para administrar a fome do Egito. A partir daí, percebi que o cuidado de Deus para com aqueles que têm fome permeia toda a Bíblia.
No livro de Êxodo, Moisés faz o caminho inverso de José para libertar o povo judaico da fome e da escravidão do Egito. Em Levítico 25: 35 aos 37 há uma lei específica em favor do empobrecido e do escravo: “E, quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino viverá contigo. Não tomarás dele juros, nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás do teu alimento por interesse”.
Levítico também traz o ano do jubileu em que todos os escravos tinham sua liberdade restaurada e todos os proprietários recebiam seus haveres em restituição, além de haver um cancelamento geral de todas as dívidas. Um dos propósitos desta prática era evitar a pobreza e a riqueza extrema, além de evitar a pobreza herdada, pois cada família pobre recebia a cada cinqüenta anos um novo começo. Jeremias 7:6 mostra que o descumprimento destas leis foram um dos motivos para o exílio judaico na Babilônia.
Se olharmos para o ministério de Jesus, iremos perceber os inúmeros exemplos de desapego a riqueza e a defesa aos excluídos. No nascimento, o primeiro anúncio é feito a pastores de ovelhas. Viveu entre pescadores, doentes, leprosos, viúvas e mulheres de vida fácil. No auge do seu ministério, sendo a ressurreição, deixa isto muito claro quando escolhe as mulheres para testemunharem sua primeira aparição.
UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL
Esse texto não é meu, é do amigo Josué de Souza
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No mês de janeiro, aconteceu em Porto Alegre/RS o 10º Fórum Social Mundial. Para quem não conhece, este evento surgiu no ano de 2001, na capital gaúcha em contraponto ao Fórum Econômico de Davos na Suíça. O evento é organizado por movimentos sociais de diversos continentes com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. O slogan do Fórum Social Mundial é “Um outro mundo é possível”.
Nestes dez anos o fórum tornou-se o mais importante encontro de seres humanos engajados em discutir as conseqüências das relações humanas versus econômicas do planeta.
No ano de 2003, tive a oportunidade de participar do Fórum Social Mundial em Porto Alegre/RS. Surpreendi-me primeiramente com o grande número de atividades ocorrendo ao mesmo tempo e todas de forma autogestionadas. A segunda questão que me chamou a atenção foi o número de cristãos que encontrei por lá. Muitos destes, propondo e realizando oficinas e debates.
Sem dúvida, desde então, o mundo mudou. Em boa medida, para melhor. Se na época do nascimento do Fórum Social Mundial as idéias do neoliberalismo imperavam, os movimentos sociais estavam em baixa no mundo todo e na América Latina, a maioria dos chefes de Estado professavam a fé no deus mercado. Hoje, nos encontramos em um outro cenário.
Avanços sociais e democráticos se concretizaram abaixo da linha do Equador. Os governos do mundo todo olham para cá em busca de modelos e ações que sirvam de inspiração, invertendo a lógica que imperou durante todo o século XX. Sem dúvida, isso se deve, em boa parte, ao processo do Fórum Social Mundial, que permitiu ao mundo descobrir a originalidade e a criatividade do campo progressista da América do Sul.
Sendo assim, acredito que é possível construir um outro mundo, mais justo e solidário, que seja centrado no ser humano e para esta tarefa os cristãos devem apresentar-se de primeira hora.
sábado, 29 de maio de 2010
A LISTA
Li um texto da Clarice Lispector no Orkut de um amigo, e senti saudades das leituras de Clarice. Faz tempo, muito tempo que não a leio. Preciso voltar a ler Clarice, isso é fato indiscutível. Mas quando? Como? Não dou conta nem de minhas leituras necessárias para as aulas de filosofia. Mas o fato é que preciso voltar a ler Clarice e o farei, não sei como, mas farei.
Pensando em como encaixar Clarice nas minhas leituras, então me ocorreu uma lista de gente que preciso ler e ouvir, de coisas que preciso fazer.
Além de voltar a ler Clarice, lerei também Dostoiéviski, e ainda lerei Drumonnd, e também Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa (e talvez a pessoa do Fernando), lerei Neruda, Marx, Kafka, Platão e Aristóteles, também lerei "O café dos filósofos mortos", todos os e-books arquivados no meu computador, aqueles que os amigos do Orkut me enviaram e ainda não me sobrou tempo para ler. Mas também lerei provérbios e eclesiastes, os 4 evangelhos, o livro de Efésios, novamente a carta de Gálatas, 1ª Coríntios 13, talvez releia o Apocalipse, apenas talvez.
Além de ler, preciso ouvir. Então ouvirei todas as músicas do Chico que tenho, ouvirei o Grupo Logos, o Jimmy (sim, aquele da jempa, gosto de ouvi-lo cantar), ouvirei as músicas que marcaram minha infância, aquelas do Balão Mágico, do Trem da Alegria, a Kátia cega, ouvirei Cazuza, Engenheiros do Hawaii, João Alexandre, o CD que a Vanessa mandou pra mim, a pimentinha e ouvirei Belchior.
Também vou assistir aos filmes que marcaram época, aqueles que já vi e aqueles que ainda não vi.
Também vou assistir aos filmes que marcaram época, aqueles que já vi e aqueles que ainda não vi.
Vou viajar. Viajar muito. Viajar para visitar os amigos, para conhecer gente nova, ou apenas para conhecer um lugar novo.
Ah! Irei a Fernando de Noronha, com ou sem companhia, é meu sonho de consumo, todos temos um, o meu é viajar para Fernando de Noronha, e irei.
A lista não está completa, é claro que não está. Há tanto para se fazer, há tanto para aprender, para viver. Enfim, no fim de tudo, saberei de uma coisa, apenas uma.
Que vivi.
Vivi e aprendi!
E no fim, é só isso que importa.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
ONIPOTÊNCIA
Transcrevo aqui, o texto de Ricardo Gondim.
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Ouso pensar o mistério. Atrevo-me a nadar em águas sem fronteiras, aventurar-me no oceano infindável em que as afirmações suscitam novas dúvidas. De antemão, valho-me da máxima socrática: “Só sei que nada sei!”. Aproprio-me também do princípio de Tomás de Aquino em sua Suma Teológica: "A respeito de Deus, quando não podemos saber o que ele é, sabemos o que não é".
Reconheço que "teologia é uma linguagem sobre Deus", como bem afirmou Gustavo Gutierrez. Portanto, se teologia é linguagem, será imprecisa, precária e sempre relativa. Ninguém é possuidor da “verdade absoluta” e mesmo que fosse, seria incapaz de traduzi-la, explicá-la ou demonstrá-la com “absoluta exatidão”. Assim, toda a teologia é passível de ser criticada, revisada e aperfeiçoada.
Minha ousadia tem a ver com o conceito teológico da onipotência, tão defendido e tão comumente assumido na fé popular. Desde a República de Platão já era possível encontrar o pressuposto de que Deus é imutável e, óbvio, onipotente. Por onipotência, entende-se perfeição em poder. Portanto, um Deus onipotente é compreendido como um ente que mantém os acontecimentos previstos, realizados e supervisionados de acordo com sua vontade.
Esse conceito de perfeição, que vem da tradição grega, ressalta que um Deus onipotente nunca pode mudar. Qualquer mudança implicaria em uma aceitação de que o estado anterior era melhor ou pior, o que é impossível para a Divindade. Em outras palavras, se Deus alegrar-se é porque antes estava sério. E se alegria é melhor que sisudez, Deus teria melhorado. Impossível! Perdoar, ter misericórdia, alterar destinos, nada disso seria concebível para Deus pois são decisões que alteram a perfeição divina.
Influenciada por esse conceito, a teologia clássica pontifica que Deus é "o poder mais poderoso que se possa imaginar". E esse pressuposto é tão caro aos crentes, que muitos ficam zangados diante de qualquer questionamento. Mas cabe a pergunta: De que jeito é o poder mais poderoso que se possa imaginar? Os mais rápidos no gatilho teológico sacam as armas e respondem: “O poder de tudo controlar, de tudo organizar, de tudo gerenciar”. Para eles, o maior poder concebível seria Deus regulando ou arbitrando sobre os nano detalhes do universo.
Essa ideia sobre Deus parece a mais lógica porque, dentro de elaborações gregas, realmente é inconcebível que Deus continue Deus sem que dirija os eventos tanto do universo visível como invisível. Alguns, contudo, resistem ferozmente que uma onipotência os comande; não admitem um universo encabrestado. Esses preferem se tornar ateus. Pe François Varillon afirma:
Não sejamos superficiais ao analisar a posição desses homens; no fundo, eles julgam mais digno do homem e consequentemente mais verdadeiro preferir um céu vazio ao fantasma de um imperador do mundo, potentado, déspota, dramaturgo supremo, a manobrar as marionetes da tragicomédia humana, fixando petrificando ou curto-circuitando liberdades que, aliás, supõe-se que haja criado.
A presença do mal se transforma em um nó dificílimo de desatar na filosofia e na teologia. Se Deus tem o poder de tudo determinar e tudo gerenciar, como aconteceu o pecado? Existiu o livre arbítrio em algum tempo? Se existiu, duas vontades colidiram. Se pecado é escolher o mal ou o vício, como alguém (até mesmo o primeiro casal) poderia fazer essa escolha sem infringir a vontade onipotente de Deus? No caso de um pecado original, ou Deus se fez de rogado ou intencionou, por detrás dos panos, que acontecesse a primeira transgressão. No exato instante da primeira rebelião, Deus estava no controle?
Caso tenha decidido não interferir nas decisões erradas quando podia fazê-lo, será que Deus tem objetivos posteriores? A sua onipotência fica preservada, mas ele deixa um rastro suspeito. Deus trabalha com armações maquiavélicas, em que os fins justificam os meios? Será que a universalização do sofrimento com tragédias dantescas estão rigorosamente sob seu querer para que o capítulo final da história permaneça glorioso?
Aqui começam os problemas. Se Deus traçou todos os mínimos detalhes da história e tem tudo sob seu mais rígido mando, não só os esboços gerais dos acontecimentos, mas os detalhes estão “pré-ordenados”. Quando um maníaco estupra e mata seis adolescentes, o homicídio não foi só previsto, mas arquitetado pelo Divino. E como poder absoluto não pode admitir detalhes fora do seu governo, as sórdidas minúcias do crime, bem como a macabra execução, teriam que ser não só antecipados, como minimamente determinados por Deus. Criminosos, genocidas, torturadores não passariam de executores finais de uma vontade escondida. Se "soberania" não permite ações dentro de parâmetros largos, então "soberania" especifica cada atitude e micro-gerencia os pormenores das escolhas de Madre Teresa, Pinochet, Gandhi e Idi Amin. A história se resume ao mero desenrolar de uma "vontade ativa" ou "permissiva" de Deus.
Teólogos fundamentalistas escrevem coisas estranhas (não se espante nem ria): “A vontade de Deus era que o criminoso agisse, mas que o fizesse com liberdade”. Vem embutida nesta afirmação um conceito muito caro para o calvinismo: “É possível ser livre e controlado ao mesmo tempo”. Sabe-se lá o que isso significa. Já fui contestado com argumentos do tipo: “A vontade de Deus é que o maligno se sinta livre para praticar a sua malignidade, mas que escolha debaixo da rigorosa vontade de Deus”. A incoerência interna do argumento é tão absurda que não merece ser levada a sério. Entretanto, ela é repetida e comentada como “ortodoxa” em colóquios teológicos. Insisto na pergunta: Como uma pessoa pode agir com liberdade se foi programada e determinada, sem opção de transgredir?
Será que o poder de Deus é sua capacidade de fazer com que os humanos se comportem exatamente como ele quer, enquanto acreditam que são livres? Se esse for o caso, a humanidade vive sob o império do logro. A humanidade é pior do que os golfinhos que se imaginam livres quando fazem estripulias dentro dos aquários e mal percebem que só cumprem os acenos do adestrador. Sim, seríamos piores que os golfinhos. Eles não são dotados de uma racionalidade consciente como os humanos.
Varillon afirmou que “seria radicalmente impossível para mim fiar-me em Deus, abandonar-me a Ele em confiança se nada soubesse sobre a natureza de seu poder. Sim, Deus é todo-poderoso, mas poderoso com que poder?” O poder de Deus é o poder do seu amor.
No caso de haver um controlador, seja lá qual for esse poder, alguns (eu me incluo entre eles) preferem a liberdade à escravidão. Repito as palavras de Varillon: “Não posso afirmar que creio num Deus todo-poderoso, a não ser que tenha a certeza de que se trata de um poder que não ameaça a minha liberdade".
Portanto, “a onipotência de Deus é onipotência de amor”. Novamente concedo a palavra a Varillon:
Entre onipotência e amor todo-poderoso, há uma grande diferença; há literalmente um abismo. O cristão não diz acreditar que Deus é todo-poderoso, diz acreditar em um Deus Pai todo-poderoso. No Credo, a afirmação de Deus e de sua onipotência é pronunciada e compreendida num movimento de confiança e amor, expresso precisamente por essa preposição. Dizer:creio em ti é dizer: sei que teu poder não é um perigo para minha liberdade, mas que ele está, bem ao contrário, a serviço da minha liberdade.
Deus é amor. Seu amor é onipotente. Repito e repetirei um milhão de vezes: Deus tem poder para amar infinita e fielmente, nunca para controlar.
Autor: Ricardo Gondim
Fonte: http://bit.ly/cnE27K
terça-feira, 27 de abril de 2010
PRECISO...
Preciso de alguém que não me critique, de alguém que apenas me estenda a mão.
Preciso de alguém que me olhe nos olhos e com doçura me mostre o caminho.
Alguém que confie em mim, que aposte as últimas fichas.
Preciso de alguém que ore por mim. Que ore e chore comigo.
Preciso de um pastor que entenda minhas angústias, meus anseios e devaneios.
Preciso de um pastor que me acolha com carinho e caminhe comigo.
Um pastor que seja misericordioso e saiba amar acima dos defeitos.
Preciso de um amigo que olhe minhas feridas e ofereça bálsamo.
Preciso de um amigo que cante aquela canção que alivia a alma.
Um amigo pra abraçar em meio à tempestade da vida.
Enfim, preciso de ajuda, mas ninguém vê!
Só enxergam meus defeitos, meus medos, e meus erros.
Apontam-me como se fosse leprosa.
Afundam os dedos com unhas pontudas, nas minhas feridas abertas.
Não há amor, nem misericórdia, nem compaixão.
Só há julgamento e pedradas.
Pedradas que matam o pouco de vida que ainda resta em mim.
Preciso de alguém que me olhe nos olhos e com doçura me mostre o caminho.
Alguém que confie em mim, que aposte as últimas fichas.
Preciso de alguém que ore por mim. Que ore e chore comigo.
Preciso de um pastor que entenda minhas angústias, meus anseios e devaneios.
Preciso de um pastor que me acolha com carinho e caminhe comigo.
Um pastor que seja misericordioso e saiba amar acima dos defeitos.
Preciso de um amigo que olhe minhas feridas e ofereça bálsamo.
Preciso de um amigo que cante aquela canção que alivia a alma.
Um amigo pra abraçar em meio à tempestade da vida.
Enfim, preciso de ajuda, mas ninguém vê!
Só enxergam meus defeitos, meus medos, e meus erros.
Apontam-me como se fosse leprosa.
Afundam os dedos com unhas pontudas, nas minhas feridas abertas.
Não há amor, nem misericórdia, nem compaixão.
Só há julgamento e pedradas.
Pedradas que matam o pouco de vida que ainda resta em mim.
Blumenau, 23/09/2008
sexta-feira, 23 de abril de 2010
RECOMEÇAR
Há um tempo atrás decidi começar um blog. Queria um espaço onde pudesse postar minhas ideias, ainda que desconexas. Então surgiu este espaço . Não era para ser um blog divulgado, daqueles que todas as pessoas com acesso a rede podem ler. Queria escrever apenas para mim mesma. Porém, a falta de tempo, devido às inúmeras atividades que tenho, acabou por fazer-me abandonar meu blog.
Agora, devido a insistência de alguns amigos, o Silvio principalmente, para que eu escreva mais, decidi retoma-lo.
Então ei-lo novamente no ar. Agora divulgado, para que os amigos possam ler meus devaneios.
Aguardem textos novos para os próximos dias.
Agora, devido a insistência de alguns amigos, o Silvio principalmente, para que eu escreva mais, decidi retoma-lo.
Então ei-lo novamente no ar. Agora divulgado, para que os amigos possam ler meus devaneios.
Aguardem textos novos para os próximos dias.
IRMÃO D’OUTRAS TERRAS
(Para Shirlei e Tamajara, as irmãs que herdei)
Tu vieste de terras distantes,
De terras d'além mar.
Deixaste pra trás a família, a pátria querida, o amor.
Ah! Quanta saudade sentiste, mas nunca mais pudeste voltar!
Vieste para uma terra que não era tua,
Que não tinha os teus costumes, tua cultura, tua comida.
Não vieste fugindo da fome e da guerra, a procurar uma vida melhor.
Não! Tu não querias vir, mas obrigaram-te,
Roubaram-te da mãe África,
Arrancaram-te de casa a força.
Quantas lágrimas derramaram por ti do outro lado do mundo,
Quantas lágrimas do lado de cá tu derramaste.
Na tua terra eras nobre.
Aqui, escravo.
E como escravo foste mantido tanto tempo,
Tratado como se fosse objeto, quiçá mercadoria.
Mas não eras, eras homem.
E como homem lutaste, conquistando o direito de ser tratado como gente.
Não podiam mais manter-te acorrentado, estavas quebrando os grilhões.
Então veio a Lei Áurea, aquela que não libertou.
E tu passaste de escravo objeto, a excluído favelado.
Quando tentavas fugir, te caçava o Capitão do Mato,
Hoje quem te caça é o Capitão do BOPE.
Mas foste tu, irmão Negro, quem construiu as riquezas desta terra.
Foste tu quem plantou e colheu o café, a cana-de-açúcar...
Com teu suor e sangue encharcaste esta terra.
É do suor e sangue dos teus que brota todos os dias a luta;
A luta, por liberdade.
Segue irmão. Segue firme na batalha, não desiste.
Como os teus acreditaram, acredites também conquistar a liberdade!
========
PS: Texto publicado em diversos sites, inclusive com tradução para o espanhol.
Tu vieste de terras distantes,
De terras d'além mar.
Deixaste pra trás a família, a pátria querida, o amor.
Ah! Quanta saudade sentiste, mas nunca mais pudeste voltar!
Vieste para uma terra que não era tua,
Que não tinha os teus costumes, tua cultura, tua comida.
Não vieste fugindo da fome e da guerra, a procurar uma vida melhor.
Não! Tu não querias vir, mas obrigaram-te,
Roubaram-te da mãe África,
Arrancaram-te de casa a força.
Quantas lágrimas derramaram por ti do outro lado do mundo,
Quantas lágrimas do lado de cá tu derramaste.
Na tua terra eras nobre.
Aqui, escravo.
E como escravo foste mantido tanto tempo,
Tratado como se fosse objeto, quiçá mercadoria.
Mas não eras, eras homem.
E como homem lutaste, conquistando o direito de ser tratado como gente.
Não podiam mais manter-te acorrentado, estavas quebrando os grilhões.
Então veio a Lei Áurea, aquela que não libertou.
E tu passaste de escravo objeto, a excluído favelado.
Quando tentavas fugir, te caçava o Capitão do Mato,
Hoje quem te caça é o Capitão do BOPE.
Mas foste tu, irmão Negro, quem construiu as riquezas desta terra.
Foste tu quem plantou e colheu o café, a cana-de-açúcar...
Com teu suor e sangue encharcaste esta terra.
É do suor e sangue dos teus que brota todos os dias a luta;
A luta, por liberdade.
Segue irmão. Segue firme na batalha, não desiste.
Como os teus acreditaram, acredites também conquistar a liberdade!
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PS: Texto publicado em diversos sites, inclusive com tradução para o espanhol.
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